Atos em defesa da democracia estão marcados em várias cidades brasileiras para este domingo. As manifestações são convocadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, sendo que o principal ocorre em Brasília. Ônibus de Chapecó e região saíram nesta quinta-feira (14) e também hoje (15), rumo à capital do país para que a população do Oeste Catarinense pudesse participar do ato.
Quem não pode ir para Brasília pode participar da manifestação que ocorrerá às 10h de domingo em Chapecó, no Calçadão (Rua Benjamin Constant).
Com o eixo de defesa da democracia e contra a política de ajuste fiscal, a manifestação deve intercalar intervenções políticas e artísticas. Centrais sindicais, sindicatos, movimentos populares da cidade e do campo, organizações de mulheres e de negros, artistas e outros segmentos da sociedade civil são esperados nos atos.
Esta será a primeira vez que grupos contrários e favoráveis ao impeachment protestarão no mesmo dia. Douglas Izzo, presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP), afirmou que representantes de ambas as Frentes se reuniram com o comando da Polícia Militar (PM) para definir diretrizes de segurança. A preocupação é de que conflitos ocorram, em especial no transporte público, principalmente nas grandes cidades.
Pesquisa
Uma pesquisa encomendada pela CUT ao Vox Populi revela que, mesmo que 57% da população seja favorável, 58% dos entrevistados acreditam que o impeachment não vai resolver os problemas econômicos do país – apenas 35% acham que a cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff resolveria a crise política e econômica. Além disso, de acordo com a pesquisa, 61% dos entrevistados avaliam negativamente o vice-presidente Michel Temer e 49% acham que o impeachment é uma forma de vingança do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.
A divisão da sociedade simbolizada pelo muro que foi construído em Brasília para as manifestações de domingo sempre existiu e persistirá, seja qual for resultado da votação na Câmara, como afirma Mateus Lima, da Intersindical: “O país sempre foi dividido entre o centro e periferia, por exemplo”, avaliou. O presidente da CUT, Douglas Izzo, adicionou: “Quem trabalha com divisão é a oposição, desde aquele mapa vermelho e azul nas eleições. Essa polarização não se encerra com o processo de impeachment. Este só é um momento de maior polarização que está explícito politicamente”, disse.
Onofre Gonçalves, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) em São Paulo, ressalvou que, mesmo em um cenário em que o processo de impeachment não seja encaminhado ao Senado, a luta das ruas não deve se encerrar. Ele também afirmou que os movimentos populares já estão se preparando, seja qual for o resultado da votação de domingo. “Se for vitória da democracia, vamos ter que reposicionar. Em caso de derrota, vamos continuar a luta. Não tem a menor chance de reconhecermos um governo que não seja democraticamente eleito pelo povo”, sentenciou.
Documento
Os dirigentes lembraram ainda que, nesta quinta-feira, 186 deputados e senadores assinaram um documento em que afirmam que devem votar contra o impeachment. Para Josué Rocha, do MTST, os deputados têm tomado decisões com muita irresponsabilidade ao não pensar em um cenário pós-impeachment. “Aos indecisos ou que esperam o calor do momento para decidir o voto, é importante deixar o recado de que o povo se lembrará deles como sendo aqueles que contribuíram ou não para apoiar um golpe que está sendo dado ao país”, avisou.
Fonte: Sinproeste com Brasil de Fato – Vivian Fernandes
Foto: Mídia Ninja