O Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina – SINPROESTE manifesta seu repúdio às ameaças de demissão e à pressão contra os trabalhadores professores pelo retorno às aulas presenciais em escolas e universidades antes que a OMS sinalize o controle da pandemia e, da mesma forma, repudia a imposição do retorno às aulas presenciais realizada por prefeitos, governadores e presidente da república por meio de decretos sem que os professores sejam ouvidos.
O retorno amplia a circulação de pessoas em situações que podem ser evitadas. Não se trata de um risco que atinge apenas professores, técnicos administrativos e estudantes, mas toda a comunidade.
Somente quem está trabalhando com os estudantes sabe o que ocorre no cotidiano das escolas, universidades e salas de aula. Os gestores educacionais preocupados com a situação financeira das instituições pressionam pelo retorno e apresentam protocolos de biossegurança aos pais e comunidade em geral como garantia de condições objetivas para o retorno com segurança. Contudo, sabe-se que a alternância entre medidas severas de restrição de contato social e seu afrouxamento é realizada sem garantias objetivas e que a demora em uma semana para se adotar restrições mais severas podem custar muitas vidas.
Sabe-se também que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a escassez de materiais de proteção que põe em risco os profissionais de saúde em todo o mundo, ou seja, não há cadeias de suprimento seguras para garantir equipamentos de proteção nem mesmo para profissionais de saúde, quanto mais para a população em geral. “No Brasil não foram divulgadas medidas emergenciais sobre materiais utilizados no combate à doença.” (El País).
E o mais grave, crianças da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, por sua condição de desenvolvimento, não têm capacidade cognitiva e maturidade suficiente para se autogerirem com responsabilidade acerca dos cuidados necessários em relação à não contaminação pelo covid-19 e precisam de orientação e acompanhamento sistemático também nos intervalos, nos horários de entrada e saída e nos banheiros. Acompanhamento que as escolas não podem garantir. Professores relatam que crianças costumam, inclusive, mascar as máscaras de pano. Ou seja, as crianças são agentes involuntários de contágio e colocam em risco a vida de seus familiares e população em geral.
Os professores não são contra a garantia do direito à educação para todos, ao contrário, pois concomitantemente também se garante o emprego dos trabalhadores. Somos a favor da manutenção do ensino remoto por tempo indeterminado, pois é uma alternativa viável de ensino e aprendizagem, ainda que não seja a ideal.
Crianças e adolescentes terão tempo posteriormente para conviver e interagir com outras crianças e adolescentes, as perdas psicoafetivas não são irreversíveis. A morte é irreversível.
Fica o alerta às famílias de que os protocolos sanitários nem de longe respondem à gravidade do momento pandêmico, não há possibilidade de retorno seguro.
O Sinproeste expressa seu total apoio aos professores que lutam em defesa da vida dos trabalhadores e de toda a sociedade. Nosso posicionamento segue alinhado com os dados científicos e as recomendações dos profissionais de saúde, os quais apontam que ainda não é possível um retorno seguro às aulas presenciais.
Chapecó, 5 de março de 2021.
Sinproeste