O Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina – SINPROESTE repudia veementemente as demissões de docentes da Unochapecó. O fato não é novo e vem se repetindo ano após ano, trazendo intranquilidade aos trabalhadores e instabilidade aos cursos e setores da Universidade.
Os desligamentos, desta vez, tem como justificativa o não alinhamento dos docentes com a atual gestão da Unochapecó. Isso nos faz questionar como a universidade tem tratado questões como a liberdade de pensamento e de cátedra dentro da instituição que, por sua própria natureza, deveria prezar pela diversidade e pluralismo de ideias.
Quem escolhe a carreira acadêmica tem com a Universidade mais do que um vínculo de emprego. Espera encontrar no ambiente universitário um lócus de aperfeiçoamento, de vivências compartilhadas, de projetos e realizações pessoais e profissionais. A confiabilidade desse vínculo é condição essencial para o exercício da docência como atividade crítica, criativa e reflexiva, comprometida com a formação humana e cidadã. Por esta razão a Constituição brasileira assegura a liberdade de cátedra, expressa no artigo 206 como liberdade de ensinar e de aprender, pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
Os últimos desligamentos realizados pela Universidade são de professores com ampla trajetória na instituição e altamente qualificados. Representam papel significativo no campo pedagógico e acadêmico, com atuação no ensino, na pesquisa e na extensão, representando e levando o nome da Unochapecó aos mais diversos locais. Nos questionamos quanto custará à Unochapecó o desligamento desses professores.
O desligamento de docentes produz impactos negativos imensuráveis na organização administrativa e na qualidade acadêmica dos cursos da Unochapecó. As atividades desempenhadas por muitos desses docentes são de extrema responsabilidade, tanto com relação aos estudantes quanto com a comunidade, por se inserirem em serviços públicos essenciais. Requerem experiência profissional e pedagógica, além de qualificações específicas para a atuação em campos de estágio.
Relembramos que a universidade não é uma é propriedade privada, devido ao seu caráter comunitário. A Lei das Instituições Comunitárias de Educação Superior define as Universidades Comunitárias como instituições que não atendem a privilégios, benefícios ou vantagens pessoais e possuem transparência administrativa, contando com a participação de representantes dos docentes, estudantes e técnicos administrativos nos órgãos colegiados acadêmicos deliberativos (Lei nº 12.881/2013, art. 3º).
Não apenas estudantes e comunidade perdem, mas o próprio setor financeiro da instituição. Os docentes desligados possuem formação em nível de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), sendo que muitos contaram com auxílio financeiro da Unochapecó. A Universidade investiu na capacitação docente e agora demite mestres e doutores, gerando déficit no seu quadro de funcionários e em sua planilha de custos.
Não podemos ficar calados. Basta de demissões seletivas e que não respeitam os princípios institucionais de gestão democrática e participativa!
Fonte: Sinproeste