O crescimento acelerado do Ensino a Distância (EAD) intensifica as precariedades enfrentadas pelos profissionais da educação. Professores e técnicos administrativos lidam com o ensalamento – a forma como são distribuídos entre turmas e horários – que muitas vezes gera sobreposição de turmas, sequência de horários e superlotação. A infraestrutura escolar insuficiente e jornadas que se estendem muito além do horário regular aumentam ainda mais a pressão sobre esses profissionais.
O uso intenso e inadequado de tecnologias ameaça o direito à desconexão, fazendo com que o trabalho escolar se misture às atividades domésticas. O tempo de sala de aula e o tempo em casa se confundem, aumentando o estresse e a exaustão emocional.
Em julho de 2025, o MEC publicou a Portaria nº 506/2025, que regulamenta a Nova Política de Educação a Distância. O documento define normas para a formação acadêmica e atribuições do corpo docente e mediadores pedagógicos, avaliações de aprendizagem, materiais didáticos, plataformas digitais e o funcionamento dos polos EaD. Apesar do avanço regulatório, o grande desafio agora é garantir a implementação efetiva da portaria, assegurando que as normas contribuam de fato para melhores condições de trabalho e para a saúde mental dos profissionais.
Ensino privado e a sobrecarga docente
A precarização da carreira docente é ainda mais evidente no ensino privado. Em 2013, o setor registrava 5,4 milhões de matrículas para 181 mil professores. Dez anos depois, em 2023, o número de matrículas subiu para quase 8 milhões, enquanto a quantidade de docentes caiu para 150 mil.
O resultado é claro: mais alunos para menos professores, com profissionais sobrecarregados, responsáveis por turmas extensas e, em alguns casos, milhares de estudantes simultaneamente. Segundo especialistas, isso não configura carreira, mas exploração, agravando o esgotamento emocional e os riscos à saúde mental.
Ações efetivas e concretas
O Setembro Amarelo não pode se resumir a campanhas pontuais. A valorização dos profissionais da educação precisa sair do papel e se traduzir em medidas concretas:
- Planos de carreira estruturados;
- Progressão salarial justa e estabilidade;
- Formação continuada;
- Redução das jornadas exaustivas;
- Condições dignas e seguras de trabalho.
A escola também deve assumir papel estratégico na prevenção, com ações de cuidado e acolhimento, como rodas de conversa com profissionais da saúde, programas de habilidades socioemocionais, ambientes inclusivos e capacitação dos trabalhadores para identificar sinais de sofrimento.
Por Romênia Mariani, da Contee, com edição de Sinproeste








