As mulheres negras encheram as ruas de Brasília-DF, nesta quarta-feira (18), com cor, música e discursos contra a violência e o racismo. Até chegar em frente ao prédio do Congresso Nacional, a marcha, que saiu do Ginásio Nilson Nelson, percorreu o Eixo Monumental e a Esplanada dos Ministérios com faixas, cartazes e palavras de ordem “contra o racismo, contra a violência, pelo bem estar”. E receberam de parlamentares, ao longo da marcha, palavras de apoio.
Com roupas e turbantes coloridos, com música e dança, cartazes e discursos, cerca de 25 mil mulheres negras percorreram as ruas anunciando que marchariam “até que todas as mulheres sejam livres”.
A presidenta da Unegro no Distrito Federal, Santa Alves, considerou a marcha um grande sucesso pela força demonstrada pelas mulheres negras, reforçando o desejo das mulheres negras de combater o racismo que as oprime, para garantir a construção de uma sociedade de bem-estar. E acrescentou que as mulheres negras não vão permitir que o Congresso aprove matérias que aumente a opressão contra as mulheres.
Tati Menezes, da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), em Sergipe, declarou: “É também uma manifestação contra o racismo, que promove a aceitação da beleza negra. A mulher negra está no topo da lista das oprimidas. Além de ser vítima do racismo, é também da violência e do machismo, em mais alto grau. Somos invisíveis em todas as frentes, todos os espaços. Então estas Marchas, aqui em Brasília, e a nossa em Sergipe, contribuem para dar visibilidade a nós e à nossa luta. A gente costuma apoiar diversas pautas e as nossas, muitas vezes, são esquecidas ou vai na bandeira das outras. Estes atos promovem nosso protagonismo”.
Pautas
A Marcha das Mulheres Negras defende diversas pautas, dentre estas, o fim do feminicídio de mulheres negras, o fim do racismo e do sexismo nos veículos de comunicação e no ambiente de trabalho, a titulação e garantia das terras quilombolas, especialmente em nome das mulheres negras, o fim do desrespeito religioso e a garantia da reprodução cultural de práticas ancestrais de matriz africana. Aqui você encontra o manifesto da Marcha com as reivindicações na íntegra.
Agressão dos golpistas
A marcha alegre que chegou em frente ao prédio do Congresso Nacional, parada tradicional das manifestações públicas, foi recebida com tiros por um sargento da polícia que foi preso em seguida. Ele alegou que se sentiu “ameaçado” pela presença das mulheres negras no espaço público.
Com um disparo de arma de fogo e vários rojões, um manifestante do acampamento que pede o impeachment da presidenta Dilma e a volta do regime militar tentou provocar tumulto na Marcha das Mulheres Negras. A correria das mulheres, inclusive idosas, não foi o suficiente para dispersar a marcha.
Após os tiros, seguido de rojões, disparados por manifestantes do acampamento que pede o impeachment da presidenta Dilma e a volta do regime militar houve correria e dispersão.
Do alto do carro de som, as organizadoras da marcha pediam as mulheres que não aceitassem provocação, saíssem do gramado e seguissem a marcha, que continuou pelo outro lado da Esplanada dos Ministérios, após a prisão do golpista.
Apoio
As palavras de apoio foram novamente ouvidas durante a sessão do Congresso Nacional, que acontecia no mesmo momento em que houve o tumulto provocando pelos manifestantes golpistas. Foi a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) quem pediu ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidia a sessão, que fosse feita uma revista no acampamento dos manifestantes golpistas. Na semana passada, a polícia prendeu um sargento reformado da polícia que participava do acampamento com uma pistola e várias armas brancas.
Luciana Santos, presidenta do PCdoB e deputada federal por Pernambuco, presenciou estarrecida a “cena de horror” e relatou: “Eu estava vindo com a Marcha das Mulheres Negras em direção ao Congresso Nacional quando um manifestante pró-impeachment atirou para cima no meio da marcha. Foram 3 tiros! Uma manifestação de ódio e intolerância que nós não podemos aceitar.
Fonte: Vermelho, CTB e Minc