O Sinproeste – Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina, após reunião com os professores da Unochapecó no dia 07.08.2013, externa para a comunidade universitária e regional preocupações com a proposta de reestruturação administrativa e acadêmica que começa a ser implementada na Universidade. A proposta da Reitoria da Instituição é propagada como uma importante medida de enfrentamento da concorrência diante da necessária sustentabilidade financeira da Unochapecó, sendo colocada, também, como medida de aperfeiçoamento dos cursos diante da realidade do mercado de trabalho. Essas medidas, no entanto, têm na prática diversos reflexos.
1. Demissões
O primeiro impacto são as demissões: em apenas duas semanas a Unochapecó demitiu 56 docentes, sendo que outros 7 pediram demissão, havendo informações de que este número poderá superar a 150 professores dispensados. O docente é o principal pilar de sustentação de uma instituição de ensino, a qualidade de um curso depende muito mais dos professores do que da parafernália tecnológica que se coloca à disposição e, por certo, as demissões se constituem num problema grave pelo desemprego que gera e também com reflexos na qualidade da educação.
2. Sobrecarga de trabalho
Além das demissões, com a mudança das horas de trabalho referente aos créditos das disciplinas, haverá aumento de trabalho para os docentes sem qualquer compensação financeira. Isso implica em redução indireta de salários, vedada pela lei. Nos últimos anos os professores da Unochapecó têm sofrido com o constante aumento de trabalho, sobrecarga que acarreta um desgaste físico e mental afetando sua saúde.
3. Desconsideração do caráter comunitário da Unochapecó
A Unochapecó foi fundada e erguida com o esforço coletivo e público da comunidade regional sendo que seu foco de atuação não é o mesmo das empresas privadas que atuam no ramo educacional, ou seja, o lucro. A atual gestão da universidade, no entanto, resolveu seguir a mesma lógica neoliberal dos grandes conglomerados privados de ensino no Brasil e contratou uma empresa de assessoria para “melhorar” sua gestão. Essa assessoria, que não conhece a realidade social, econômica e política de Chapecó e região, trouxe uma proposta pronta com o único objetivo de tratar da situação financeira da Universidade. Apesar do discurso oficial caminhar no sentido de que haverá uma melhoria na educação isso não se observa na prática. A orientação passada aos cursos é que revisem seus planos pedagógicos, mesmo aqueles que recentemente o fizeram para, diminuir gastos, cortar mais, etc. Subestima-se a capacidade dos docentes quanto sua autonomia didático-pedagógica procurando usar técnicas-padrões de ensino altamente questionáveis. Não há preocupação com a qualidade da educação, mas apenas com as finanças da Unochapecó.
4. Falta de diálogo
As mudanças propostas atingem diretamente a vida dos professores e estudantes da Universidade. Diante disso, tais medidas deveriam ser amplamente discutidas dando-se o tempo necessário de maturação. Não foi o que ocorreu. As discussões foram truncadas nos colegiados e as manifestações contrárias foram abafadas. Instalou-se uma política de medo onde muitos preferem calar frente aos acontecimentos da universidade para não serem retaliados em sua jornada de trabalho e até mesmo em seu emprego. Negociação coletiva deve ser feita com o Sindicato da categoria e a Unochapecó, simplesmente, ignorou o Sinproeste neste processo, legítimo representante político e jurídico dos docentes da Unochapecó, que não foi consultado ou chamado para qualquer discussão a respeito das alterações na vida funcional dos trabalhadores da Instituição. Entende o Sinproeste que medidas deste porte somente podem ser feitas através de negociação coletiva, conforme previsto em Lei, e que ao agir desta forma a direção da Unochapecó, além de se distanciar dos princípios comunitários, infringe a legislação sobre o assunto.
Direção do Sinproeste