O Sinproeste, como tem feito no decorrer dos anos, realizou atividades reflexivas em comemoração do Dia do Trabalhador. Na semana que antecedeu a data foram promovidos seminários e oficinas com o médico, professor e doutor Herval Pina Ribeiro, que esteve em Chapecó e nas delegacias regionais de Concórdia, Xanxerê e São Miguel do Oeste. Participaram das atividades professores e estudantes, além de dirigentes sindicais de outras entidades.
A discussão apresentada pelo professor Herval centra-se no surgimento do Estado Moderno, com a Revolução Industrial e o início do trabalho assalariado. Para ele, o mundo é divido em duas classes: a que detém o poder, ou seja, a burguesia, e a trabalhadora. Isso é típico da sociedade capitalista em que vivemos.
De acordo com Herval, para compreender o porquê do adoecimento dos trabalhadores no mundo contemporâneo é necessário entender a forma de funcionamento das relações de trabalho no mundo capitalista.
Como nasce o trabalho
Para o professor Herval o trabalho é um instrumento legal de dominação de classe. De um lado existe o trabalhador, que vende energia física, mental e de tempo de vida. Do outro, o patrão, que acumula renda e bens a partir do trabalho de outrem. “São dois sujeitos em situação desigual, sendo isso legitimado pelo Estado por meio do contrato de trabalho”, comenta.
Neste sentido, para o professor, o contrato de trabalho configura uma condição desigual da mercadoria “trabalho”. Ele reforça esse pensamento dizendo que se pode analisar também a condição jurídica do contrato de trabalho, em que a empresa é uma pessoa jurídica de direito privado, enquanto o trabalhador assina o contrato como pessoa física que se submete às condições apresentadas pela empresa.
No entanto, na atual situação política vivida no Brasil, a burguesia deseja flexibilizar as formas de contrato de trabalho, como por exemplo com a terceirização. E o papel se inverteu: agora são os trabalhadores que lutam pela manutenção do contrato, porque é a garantia mínima que se tem para manter-se condições minimamente dignas de trabalho.
Tecnologia
Herval também critica o uso da tecnologia. De acordo com ele, com toda a tecnologia existem no mundo bastariam dez ou doze horas de trabalho por semana para atender todas as necessidades da humanidade. Entretanto, em vez da tecnologia diminuir as horas de trabalho ela está fazendo com que trabalhemos cada vez mais.
O médico ressalta que não é contra as tecnologias, pelo contrário. “Sou a favor das tecnologias, mas não quero ser escravo delas”, destaca. Ou seja, a crítica de Herval refere-se ao uso que se faz das tecnologia e às estruturas sociais capitalistas que levam ao adoecimento, seja físico ou mental.
Do que adoecem e morrem os trabalhadores?
O professor Herval é enfático na resposta: Do trabalho. E dos salários baixos que se recebe em troca.
Durante a Ditadura Militar o autoritarismo nas empresas aumentou e não desapareceu com o fim do que Herval chama de ditadura burguesa militarizada, pelo contrário: sofisticou-se. “Em algumas atividades tornou-se pouco visível, enquanto em outras recrudesceu e quase fez ressurgir o regime de servidão para arrancar mais trabalho intensivo e elevar a produtividade da cada trabalhador”, expressa ele.
As novas estruturações produtivas e do trabalho e esse autoritarismo resultaram na mobilidade na mortalidade da classe trabalhadora, sendo “sensorialmente menos perceptível, não tipicamente acidentária, passando a imperar a cobrança do trabalhador para consigo, a competição com os companheiros e o medo do desemprego, que constituem os elementos cruciais da morbidez da organização do trabalho contemporâneo”, finaliza o professor.
Fonte: Sinproeste