A reposição do Piso Salarial de Santa Catarina foi de 7,43%, mas o Sinepe propõe somente 5,6%
Na terça-feira (14) ocorreu a segunda rodada de negociação com o Sinepe (sindicato patronal). A presidente e a vice-presidente do Sinproeste, professoras Juleide Almeida Corrêa e Solange Rosa, participaram da reunião e relataram a intransigência, o desrespeito pelos trabalhadores em educação e as manobras adotadas pelo Sinepe.
Intransigência manifestada pelo presidente do Sinepe, Marcelo Batista de Sousa, que foi categórico ao afirmar por diversas vezes: “Não existe obrigação de reajuste algum. O reajuste não é obrigatório, é um hábito e até um direito”. Afirmou ainda que não irá convocar nova Assembleia das instituições de educação para apreciação das propostas dos sindicatos. Também foi categórico em afirmar que não concederá aceite para os Sindicatos entrarem na justiça via dispositivo Dissídio Coletivo. E, em tom severo, alertou os sindicatos que tal via resultaria na perda da ultratividade das demais cláusulas sociais constantes na Convenção Coletiva de Trabalho – CCT.
Desrespeito pelos trabalhadores em educação manifestado em afirmações como “Negociação não é um fórum de Recursos Humanos, cada instituição tem suas próprias políticas”; e “Professores não satisfeitos podem procurar outras opções. A instituição não tem opção”.
Negociação salarial não é pregão de bolsa de valores em que se discutem números. Estamos acordando condições objetivas de existência para os trabalhadores e suas famílias, condições de vida, de saúde e bem-estar. Não somos meros recursos, somos seres humanos com necessidades biológicas, sociais e culturais. Trabalhamos para prestar serviços educacionais de qualidade, para produzir lucro para os proprietários e acionistas das instituições privadas e para produzir excedentes para instituições supostamente comunitárias que destinam os recursos financeiros gerados por nós trabalhadores sem nos consultarem e em detrimento de nossas condições de trabalho e saúde.
Não, não temos outras opções no setor privado de educação em Santa Catarina, o Sinepe negocia por todas as instituições e sempre em desfavor dos trabalhadores. É bem verdade que no setor público os professores vêm conquistando avanços, melhores salários, piso nacional para a categoria, hora atividade, etc. O setor público é uma alternativa e somente não comporta todos os trabalhadores em educação porque o Estado neoliberal não cancela a autorização para a exploração de lucros em setores e serviços estratégicos do Estado Nação.
Diante de tais impossibilidades e discursos os trabalhadores ficam sem possiblidade de negociação efetiva, reféns de uma condição perversa criada no governo de Michel Temer via Reforma Trabalhista. Aos sindicatos dos trabalhadores cabe superar essas barreiras, desmistificar os discursos ultrajantes e garantir verdadeiro processo de negociação salarial, mas principalmente, em conjunto com todos os trabalhadores, lutar pela revogação dessa e de outras reformas neoliberais implementadas no Brasil nos últimos anos.
Quanto ao fator econômico, a inflação do período fechou em 5,47%, mas o reajuste do Piso Salarial de Santa Catarina foi de 7,43%. Segundo palavras do próprio presidente do Sinepe, são poucas as instituições que não têm condições financeiras para efetivar reajuste da integralidade do INPC. E instituições que não têm condições mínimas de funcionamento com qualidade, de atender as crianças e adolescentes com dignidade assim como pagar salário digno aos trabalhadores não deveriam continuar abertas. Outras instituições podem acolher a demanda e atender com melhor qualidade.
O sindicato patronal se mostra inflexível e aceita reposição de somente 5,6%. O Sinproeste vai continuar insistindo em 7,43% de reposição em conformidade com a reposição do piso salarial em SC e seguirá na luta por melhores condições de trabalho e qualidade da educação em parceria com os outros 11 sindicatos de professores de SC e com a nossa federação, a Feteesc. Também não aceitará a cláusula que permite furar o acordo e não repassar o reajuste acordado para os trabalhadores.
“É uma proposta inaceitável, porque nós não estamos em tempos de pandemia como nos anos anteriores e porque o professor já vem com anos de defasagem salarial. Não aceitaremos a inclusão desse requerimento para o não pagamento. Valorização do professor não se faz somente por meio de palavras”, declarou Juleide.
A próxima rodada de negociação está agendada para próxima quarta-feira, dia 23 de março.
Fonte: Sinproeste