A Contee assinou acordo de cooperação técnica com a Associação de Saúde Ambiental e Sustentabilidade (Asas) para a realização de pesquisa sobre “Covid como uma doença relacionada ao trabalho”. Segundo o coordenador-geral, Gilson Reis, “a Contee se incorpora a um projeto que objetiva dar visibilidade ao debate que ganha importância na sociedade brasileira e em outros países em plena pandemia a respeito do papel do trabalho como fonte de infecção e propagação da pandemia e fornecer elementos para que planos de ação contemplem os processos de trabalho”.
Os pesquisadores estão abordando as pessoas por meio de parcerias com entidades sindicais, prefeituras, universidades, Ministério Público do Trabalho, organizações populares, religiosas etc. A Contee está disponibilizando o formulário nas suas redes sociais para que os trabalhadores e trabalhadoras em estabelecimentos da rede privada de ensino o respondam. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
Faltam dados sobre os trabalhadores
O cotidiano dos brasileiros é inundado diariamente por números de infectados e mortos, por histórias de famílias que não conseguem se despedir de seus entes queridos, além de uma enxurrada de notícias falsas sobre tratamentos milagrosos ou sobre a falta de eficácia de vacinas.
Os ambientes de trabalho são fontes de transmissão do Covid-19. São milhões de trabalhadores utilizando o transporte público, frequentando locais onde ocorrem interações sociais, sendo expostos ao vírus. Inúmeras categorias são mais vulneráveis à exposição do vírus. A Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde anunciou a inclusão da Covid-19 como doença relacionada ao trabalho. Somente neste ano, a pandemia ceifou a vida de quase mil professores e auxiliares de administração escolar da rede particular de ensino do país. “A Contee e entidades filiadas devem empenhar-se na divulgação e colocar à disposição da categoria a pesquisa”, enfatiza Gilson.
O Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza dois tipos de fichas de notificação para registrar o coronavírus. Em uma delas, referente à suspeita de coronavírus, o único quesito sobre ocupação trabalhista verifica se trata-se de profissional de saúde ou de segurança. Na outra, para pessoas com Síndrome Respiratória Aguda Grave, não há qualquer referência ao trabalho do paciente. Nas declarações de óbito, há uma pergunta direta sobre ocupação habitual, mas em mais de 60% dos casos não é respondida.
A pesquisa à que a Contee se incorpora “pretende contribuir com a composição de um cenário do mundo do trabalho o mais abrangente possível durante a pandemia, detalhando situações de trabalho e de vida de trabalhadores que se expuseram e se expõem cotidianamente ao risco de contrair a doença”, segundo o professor Ildeberto Muniz de Almeida, um de seus idealizadores.
Resultados esperados
A pesquisa poderá gerar um banco de dados com informações do perfil demográfico de trabalhadores de diferentes categorias, condições de trabalho e locomoção durante a pandemia e procedimentos nos casos de adoecimento; identificação e análise de aspectos das atividades de trabalho que tiveram papel no risco de exposição ao vírus e de adoecimento; análise dos riscos de infecção, papel do poder público na prevenção, assistência à saúde e enfrentamento da pandemia; papel de cada indivíduo na prevenção, mobilização de recursos para o enfrentamento da pandemia; apontamento de possíveis sequelas do adoecimento, impactos à saúde mental e repercussões psicossociais das diferentes categorias envolvidas.
A pesquisa pode ser acessada no endereço www.congressointernacionaldotrabalho.com.
Fonte: Contee, por Carlos Pompe