Um levantamento das centrais sindicais informa que 40 milhões de trabalhadores e trabalhadoras deixaram de trabalhar nesta sexta-feira (28). O dado é uma estimativa realizada a partir da relação dos sindicatos e categorias que aderiram ao movimento em todo o país.
Ao longo do dia, milhares de pessoas foram às ruas para protestar e realizar passeatas de apoio à greve e repúdio às reformas da Previdência e trabalhista. Em Chapecó, diversas categorias, entre elas parte dos professores da rede particular.
A mobilização iniciou cedo, com a paralisação do transporte público por mais de três horas. As agências bancários do centro fecharam as portas e diversas categorias de trabalhadores participaram dos atos e caminhada pela avenida Getúlio Vargas.
Em toda a região houve manifestações e atos contra as reformas da previdência e trabalhista. O Sinproeste participou dos atos em Chapecó e nas regionais de Concórdia, Xanxerê e São Miguel do Oeste.
Em São Paulo o transporte público fechou e as movimentadas ruas do centro estavam praticamente desertas. Cerca de 50 mil pessoas participaram de ato no largo da Batata convocado pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo. Após a concentração no Largo, em Pinheiros, os manifestantes seguiram em direção à residência do presidente Michel Temer (que estava em Brasília). A Polícia Militar montou um gradil de ferro em torno da casa, localizada no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital.
A paciência dos trabalhadores chegou ao limite e a rejeição ao governo de Michel Temer – que chega a 90% da população, segundo a pesquisa CUT/Vox Populi – ficou mais evidente do que nunca.
Repercussão
A repressão policial e a baixa repercussão na grande mídia não foram capazes de ofuscar a dimensão da greve nacional. As redes sociais e os veículos de comunicação alternativos fizeram a mais ampla cobertura da greve, enquanto a grande imprensa reduziu a importância da mobilização frisando casos de vandalismo e os impactos da paralisação na rotina dos brasileiros. No Twitter, as menções ultrapassaram um milhão.
O tratamento da imprensa nacional à greve foi distinto dos veículos estrangeiros. Enquanto no Brasil o próprio termo “greve geral” foi muitas vezes ofuscado, no mundo jornais como o americano New York Times, o francês Le Monde e a rede britânica BBC falaram da “greve histórica”, “da resistência às medidas de austeridade propostas pelo governo escandaloso de Michel Temer” e ressaltaram que essa foi “a primeira greve geral em mais de duas décadas” no país.
Em sua coluna logo após a greve, a ombudsman (jornalista que realiza a crítica interna do jornal e dos meios de comunicação) da Folha de São Paulo, Paula Cesarino Costa, comentou que “Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar”. Ela criticou a cobertura rasa da imprensa e afirmou que “a mídia precisa se qualificar para esse tipo de cobertura (…) de altíssimo interesse do público leitor”.
Resistência
Agora, os próximos passos dos movimentos social e sindical irão depender da reação do Congresso Nacional à greve. A insistência em aprovar as reformas trabalhista e previdenciária é grande, mesmo que isso signifique dar às costas à maioria da população. Caso as reformas passem, novas mobilizações e greves poderão ser convocadas, em resistência à retirada de direitos.
Fonte: Sinproeste com Portal CTB e Sindicato dos Bancários