Ocorreu de 17 a 20 de agosto a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres (CNSMu), em Brasília. A diretora e delegada regional do Sinproeste em Xanxerê, Juleide Almeida Corrêa, participou do evento como delegada, junto à Maria Izabel Girotto, que também representou o município. Elas defenderam todas as propostas que contemplam Santa Catarina e as mulheres Brasileiras.
Delegadas de todo o país discutiram diversos aspectos relacionados à saúde da mulher durante esses quatro dias. Ao final, houve a entrega das propostas levantadas nas conferências estaduais e reunidas no encontro nacional. A 2ª CNSMu foi realizada após três décadas da primeira edição.
Juleide e Maria Izabel destacam que o processo de construção do momento histórico vivido nos últimos dias foi pensando e articulado para que as políticas públicas relacionadas a saúde das mulheres sejam respeitadas. “Nós saímos com a sensação de dever cumprido, sabendo que a luta começa a partir daqui. Aprovamos as propostas e agora nós temos a missão e a obrigação de torná-las realidade dentro de cada território espalhado de norte a sul do Brasil, priorizando nossa região oeste de Santa Catarina”, afirma Juleide.
A mulher e o mundo do trabalho
Um dos temas abordados foi o mundo do trabalho e suas possíveis consequências na vida e na saúde das mulheres. Muitas vezes, elas são submetidas a grandes jornadas de trabalho acrescidas do trabalho doméstico e cuidado com os filhos. A conselheira nacional de saúde, Maria Conceição Silva, explica que, culturalmente, o papel da mulher no mundo do trabalho é considerado inferior ao papel dos homens. “O capitalismo é machista e racista, dividindo o trabalho por sexo. Pensar, dirigir, comandar, ser intelectual, político, são tarefas atribuídas aos homens. As funções do ‘cuidar’ são das mulheres. Chegam a usar a biologia pra legitimar esse pensamento equivocado”, disse, reiterando que as mulheres negras sofrem ainda mais nesse universo.
A conselheira cita ainda os constantes assédios, desconfortos, sexualização e constrangimentos a que as mulheres são submetidas no universo do trabalho. Ivete Santos Barreto, membro do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás, afirma, a partir de dados do conselho regional, que as mulheres têm cinco horas a mais de trabalho por semana. “Isso gera alterações biológicas, afeta nossas vidas e saúde. Dores nas costas, varizes, cólicas. Isso não é coisa de mulher. São condições que nós somos submetidas para executar e desenvolver as nossas tarefas”, destaca.
Ivete apresentou uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Conselho Federal de Enfermagem com as profissionais de enfermagem. Segundo ela, “mais de 24% das mulheres trabalham de 41 a 60 horas semanais. Isso, somado à jornada em casa, aumenta ainda mais. Estamos muito prejudicadas”, expôs. Ela disse ainda que boa parte das enfermeiras não pode ser atendidas no próprio local de trabalho, caso adoeçam.
Saúde e SUS
Outro tema abordado foi o papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e da saúde das mulheres. Um dos destaque foi a luta contra a Emenda Constitucional 95/2016, que congela recursos públicos em Saúde e Educação por 20 anos e contra a privatização do SUS. Durante a mesa que debateu este tema, as participantes foram convocadas a coletarem assinaturas para o abaixo-assinado da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), organizado pelo CNS. O documento será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2018.
Fonte: Sinproeste com Ascom CNS
Fotos: Sinproeste e CNS