O sistema de capitalização, proposto pelo governo brasileiro na reforma da Previdência, deu errado em 60% dos países que decidiram adotá-lo. O dado está em um estudo publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Se a reforma passar e a capitalização começar a valer no Brasil, o trabalhador terá que fazer sua própria poupança para se aposentar. A empresa não terá mais sua parte de contribuição. Além de comprometer o valor da aposentadoria do trabalhador drasticamente, o sistema vai resultar na desidratação da Previdência. Isso porque hoje o trabalhador paga o benefício do aposentado.
Entre 1981 e 2014, trinta países mudaram seu sistema previdenciário para adotar a capitalização. O retrocesso provocou impactos sociais e econômicos negativos. Segundo pesquisa, até o ano passado, 18 desses países tinham promovido uma nova reforma para reverter, pelo menos parcialmente, as mudanças.
Aposentados na miséria
Na Bolívia, por exemplo, o valor da aposentadoria paga ao trabalhador passou a corresponder, em média, a apenas 20% do salário que ele teve durante a carreira. Além das pensões miseráveis, outro problema apontado no levantamento é de que o número de pessoas cobertas pela Previdência caiu.
Rombo continuou
O governo argumenta que há um rombo na Previdência brasileira, por isso a reforma seria necessária, no entanto, muitos países que implementaram a capitalização não conseguiram equilibrar as contas, por causa do custo da mudança. Os trabalhadores pararam de contribuir para sustentar as pensões de quem já estava aposentado, pois passaram a pagar individualmente. Por causa disso, o governo teve que bancar essas aposentadorias com outros recursos, aumentando profundamente os gastos até que toda a população entrasse no sistema da capitalização.
No caso da Argentina, o estudo cita que os gastos com a transição foram bem maiores do que o previsto. No início, os custos estimados eram de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), mas passaram para 3,6% após a capitalização. No Brasil, o governo sequer sabe qual seria o custo da transição.
Fonte: Seeb Chapecó com UOL