Aproveitando que hoje é o nosso dia. Vou lançar umas reflexões a cerca do nosso ofício, das escolas e de algumas visões sobre a educação. Dedico aos meus amigos e colegas professores, ao meus alunos e amigos em geral…
Entendo que a tarefa primordial de um Professor é fazer com que os alunos PENSEM. Essa é a razão da escola e da educação. Uma frase que eu vejo constantemente ser repetida é a de que a “criança é futuro”, odeio essa frase. A criança é o presente, a criança não existe para ser o futuro, ela existe para ser criança, ela não está aqui para ser preparada para ser um adulto produtivo. Essa ideia de que a escola existe para destruir a criança, transformar a criança que brinca num adulto que produz, isso é de uma maldade, de uma crueldade sem limites. Muitos fazem exatamente assim, acreditam que estão fazendo o melhor.
As pessoas perguntam o que fazer para criar o hábito de leitura. NADA. Hábito é cortar unhas, escovar os dentes, tomar banho. São automatismos. E a leitura nunca pode ser um exercício de automatismo. Em relação aos livros, você tem que criar o amor, a leitura tem de ser um exercício de prazer, de gozo.
Na Escola da Ponte, tem um mural na estrada contendo os direitos e deveres. O primeiro direito diz o seguinte: Nenhuma criança deve ler um livro de que não gosta, porque, se você ler um livro de que não gosta, o que vai acontecer? Você não vai aprender o livro, você vai odiar o livro. Você vai aprender para para responder na prova, mas vai esquecer logo, de nada adianta isso.
Quando chega a época de eleição, todo mundo usa esta fórmula: a solução está na educação. Eu fico perguntando quem é que sabe o que é educação? A maioria pensa: cabeça de técnico – mais escolas, mais professores, mais alunos. Houve um partido que anunciou seu programa, que era: Ter provas bimensais, ou seja, ter pelourinho duas vezes por mês. Para eles o problema da educação é disciplina, intimidação dos alunos.
Educar para libertar não é nada disso. Meu filosofo favorito, Nietzche, Ele disse que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O mundo é espantoso, é preciso ensinar a olhar, a enxergar por prazer, porque é muito bonito quando é feito assim, é uma pena que muitas pessoas não vejam.
Informações retirados do livro A escola e os desafios contemporâneos de Viviane Mosé, entrevista com Rubem Alves.
Texto – Diretor Sindical Professor, Sérgio Scheffer