* Por Solange Rosa
Em 7 de setembro de 1822 proclama-se a independência do Brasil, até então, colônia de Portugal. Movimento ocorrido após a independência dos Estados Unidos em 1776 por meio a uma guerra com a Inglaterra que durou oito anos e resultou na declaração assinada por Washington, Jefferson, Franklin, entre outras lideranças iluministas. Período de outras rebeliões de libertação da América Espanhola lideradas por San Martins, um republicano, e por Bolívar que propunha a integração político-econômica entre os novos países, foram vitoriosas: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Chile e Argentina.
No Brasil os embates entre os grupos divergentes que aqui estavam – alguns queriam a manutenção das ligações com Portugal e outros desejavam uma independência mais completa e a instauração de uma república – resultaram, por fim, na instauração de uma Monarquia Parlamentarista Liberal, algo semelhante à Monarquia Constitucional (1789-1792), da primeira fase da Revolução Francesa, instaurada por meio de Assembleia Nacional exigida pelo povo. Pouco tempo depois, a França estava novamente sem constituição e sem governo e frente ao movimento conservador que tentava retroceder na história, o povo por temer o poder absolutista tencionou em direção contrária e o resultado foi a Comuna de Paris e seus desdobramentos.
Distintamente, Dom Pedro I influenciado por ideias liberais, mas também apegado à vida e ao trono, não só manteve o poder, tornando-se o 1º Imperador, como deixou o filho em seu lugar, sob a tutela de José Bonifácio um político árduo defensor da ciência e partiu para a Europa com vistas a garantir, para sua família, também o trono português.
O caos econômico e político pode gerar líderes improváveis. Se na França se temia mais o despotismo que a anarquia, no Brasil, temia-se mais a democracia liberal republicana que o despotismo. Assim entre 1822 e 1889 tivemos a fase do Brasil Imperial, um tempo de conciliação de interesses entre a nobreza, os militares, o clero e os liberais, cuja situação mais curiosa, parece ser a coexistência da igreja católica e da maçonaria sua arqui-inimiga.
Dom Pedro II, excelente engenheiro político e militar, sem renunciar ao poder moderador de seu cargo conseguiu não só ampliar o território nacional, por meio da arte da guerra, como pacificar as insurreições internas, suprimindo-as por meio das armas, a Praieira, a Balaiada e a Farroupilha. Contraditoriamente, também contribuiu para difundir as ciências e as artes e defendeu o fim gradual da escravidão.
Educado por José Bonifácio, líder influente da independência brasileira, desenvolveu o gosto pela leitura e pela cultura, membro de diversas academias de ciências e artes na Europa e Ásia percebeu a importância do conhecimento e da educação para o Brasil enquanto nação. Chegou mesmo a afirmar “Se não fosse imperador, gostaria de ser um professor. Não conheço tarefa mais nobre do que […] preparar os homens de amanhã“.
A educação era importante também para seu objetivo de criar um sentimento de identidade nacional e num país moderno não cabia escravidão, ditadura e qualquer forma de discriminação e preconceito. Estado laico, liberdade e igualdade sempre foram sinônimos de modernidade em todos os países desenvolvidos.
Deposto o imperador logo após a abolição da escravidão o ideário liberal moderno somente foi posto em prática, de fato, a partir de 1930, com o governo Vargas pressionado pelos trabalhadores, que queriam aprender a ler e escrever assim como os novos imigrantes, pelos liberais e o desenvolvimento industrial nascente. Momento posterior imediato às comemorações do centenário da independência, dentre as quais, destacou-se a Semana de Arte Moderna.
Em 2022, nas comemorações do bicentenário, destaca-se a exposição do coração de Dom Pedro I, separado de seu corpo a pedido do português que amava o Brasil e Portugal, mas amava especialmente a cidade de Porto.
Pessoas do passado, religiosas e ateias, republicanas e monarquistas, brancas, pretas, amarelas e vermelhas, homens e mulheres desejaram um futuro próspero para o Brasil. As ações do passado concretizam o tempo presente e compreendê-las permite melhor pensar o processo histórico de construção do futuro almejado. E você professor educador, qual futuro deseja para esse país?
* Solange Rosa é professora da Unochapecó e vice-presidente do Sinproeste
Fonte: Sinproeste