Lucros e juros ganharam espaço no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos dois anos, período em que a crise econômica derrubou os salários dos 95 milhões de trabalhadores do país.
Segundo o jornal O Globo, a fatia de rendimentos do trabalho correspondia a 35,4% do PIB em fevereiro de 2020, antes da pandemia. No auge do registro de casos de Covid-19, em abril de 2021, o percentual caiu para 30,2%.
Segundo a pesquisa, mesmo com a queda da taxa de desemprego – de 14,8% em abril de 2021 para 11,2% – a participação dos salários subiu apenas para 30,9% em janeiro deste ano.
O motivo central do arrocho, diz o jornal, seria a pandemia, mas não é bem isso, afirma a técnica da subseção do Dieese da CUT Nacional, Adriana Marcolino, que reconhece: “A pandemia, de fato, provocou um grande impacto negativo no mercado de trabalho, mas no período de reabertura da economia a regra para novas contratações tem sido aprofundar a precarização e informalidade e reduzir salários, facilitadas pela falta de uma ação governamental que procurasse resolver esses problemas”.
“A queda dos rendimentos do trabalho é anterior à pandemia, começou com a retirada de direitos dos trabalhadores em 2017”, diz a técnica se referindo a reforma Trabalhista, que acabou com mais de 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Os números foram divulgados pelo Globo nesta segunda-feira, e foram obtidos por meio de cruzamentos de informações das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito pela Corretora Tullet Prebom Brasil.
Ao mesmo tempo em que a inflação dispara, a massa de salários mensal cai – R$ 18 bilhões nesses dois anos –, de R$ 250,5 bilhões em fevereiro de 2020 para R$ 232,6 bilhões em janeiro deste ano, derrubando ainda mais o poder de compra de trabalhadores e trabalhadoras.
Fica evidente a importância de repor o salário dos professores, pagando 100% da inflação a todos. É o mínimo de reconhecimento repor o poder de compra dos docentes.
Mas as empresas aproveitam as altas taxas de desemprego e informalidade para garantir os lucros pagando menos aos novos contratados e arrochando os salários dos que já estão trabalhando, como mostra pesquisa do Dieese.
Fonte: CUT, com edição de Sinproeste
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil