A Folha de São publicou ontem (20) uma reportagem relatando que o governo Michel Temer (MDB) quer liberar até 40% da carga horária total do ensino médio para ser realizada a distância. Já para a educação de jovens e adultos a proposta é permitir que 100% do curso seja fora da escola.
A brecha ao ensino online foi aberta na reforma do ensino médio, aprovada em 2017. Em maio do ano passado, o Ministério da Educação chegou a publicar um decreto ampliando os casos de autorização à oferta de aulas a distância para alunos da segunda fase do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano). Recuou logo em seguida, mas a brecha aberta no ensino médio com a reforma privatista e excludente nessa fase permaneceu.
A reforma do ensino médio estipulou que 60% da carga horária contemple conteúdos comuns, a partir do que constar na Base Nacional Comum Curricular para a etapa (que ainda não foi apresentada). Para a carga restante, os estudantes supostamente podem escolher entre os “itinerários formativos”: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico.
A Folha de São Paulo entrevistou o pesquisador em tecnologia e educação da Universidade Federal da Bahia, professor Nelson Pretto. Ele avalia que a medida é sinal de esvaziamento do ensino público de qualidade e a falta de compromisso com investimentos em educação.
O professor ainda informa que nas escolas de ensino médio do país 60% não têm laboratório de ciências, 16% não têm laboratórios de informática e 34% não tem bibliotecas. Acrescenta que o novo documento nem sequer exigem que haja recursos digitais necessários.
Para a Contee, a nova intenção do governo Temer, mais uma vez, serve a dois propósitos: beneficiar os interesses privatistas, que serão pretensamente chamados a “suprir” essa carga horária” e desprofissionalizar o magistério, prescindindo de professores e rebaixando a formação.
É preciso denunciar mais este ataque – e os lemas das campanhas da Contee “Educação não é mercadoria” e “Apagar o professor é apagar o futuro” estão diretamente relacionados a essa luta.
Fonte: Contee e Folha de São Paulo