Os movimentos sociais realizaram grandes atos em todo o país nesta quinta-feira (20). Milhares de pessoas ocuparam as ruas em defesa da democracia e contra qualquer tentativa de golpe e retrocesso. Uma manifestação vigorosa, bonita e vibrante em defesa, principalmente, do legítimo mandato da Presidenta Dilma Rousseff. Além da presença expressiva, fica evidente a esmagadora superioridade moral desta passeata em comparação com a do último dia 16. Os diretores da Contee, a nossa confederação, também participaram.
Os cartazes exigiam respeito à democracia, mais justiça social, moradia para os sem teto, terra para os sem-terra, combate à qualquer forma de discriminação. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Não vai ter golpe!”, “Nenhum direito a menos”, “Em defesa da democracia”, “Contra o golpismo da mídia”, “Reforma política já”.
Nas passeatas do dia 20 todos os rostos e cores que formam o miscigenado povo brasileiro se encontraram. Na diversidade de pensamentos que formam o rico painel da luta popular no Brasil, comunistas, socialistas, patriotas, democratas, ateus, crentes, negros, brancos, índios, jovens de todas as idades, gays e lésbicas empunhavam cada qual bandeiras e ideais próprias, com matizes diversos, alguns talvez contraditórios entre si, como é próprio de movimentos livres e vivos, mas todos com a mesma característica ausente nas passeatas do dia 16 e transbordante nas desta quinta: respeito à diversidade, defesa da democracia e da justiça social.
“Toda vez que o povo ascende socialmente há todo um interesse da classe dominante em encerrar o ciclo de avanço social. Esse Congresso extremamente conservador quer agora encerrar esse processo, contando com uma agenda extremamente regressiva, e muito do que está acontecendo se deve à pressão do mercado, dos banqueiros, dos latifundiários. Eles têm um objetivo ao implementar essa agenda: criar insatisfação e instabilidade para interromper o mandato constitucional da presidenta Dilma”, acusou o presidente da CTB, Adilson Araújo, do alto do caminhão de som. “Não podemos vacilar. Há uma onda golpista e conservadora querendo se aproveitar do momento, precisamos levantar nossas bandeiras e defender a democracia. Vamos continuar unidos e vencer o discurso do ajuste fiscal”, conclamou.
Em São Paulo, mais de 60 mil pessoas se concentraram no Largo da Batata e depois saíram em direção à Avenida Paulista. “Que bonito. É muito diferente do último domingo”, afirmou a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral. A líder estudantil comparou a manifestação desta quinta com os protestos que chamou de “golpistas” promovidos por organizações que pregam a derrubada do governo Dilma. “Viemos defender a democracia. Intervenção militar acontece todos os dias nas periferias deste país, matando pretos e pobres.”
Também presente, o presidente da CUT, Vagner Freitas, enfatizou que a manifestação defende um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de empregos e renda e redução das desigualdades. “Queremos respeito à democracia. Quem perdeu as eleições tem de parar com esse negócio de terceiro turno e se preparar para 2018”, afirmou Vagner.
Críticas ao governo
Apesar de se tratar de uma manifestação em defesa do mandato de Dilma Rousseff, a maior parte das intervenções foi incisiva ao condenar os ajustes fisicais promovidos pelo Governo Federal desde o encerramento das eleições. Faixas com os dizeres “Fora Cunha, Fora Levy”, rechaçando os atuais presidente da Câmara dos Deputados e Ministro da Fazenda, foram temas recorrentes, quase com a mesma frequência que as que defendiam Dilma.
“O governo federal precisa estar mais conectado com o povo, porque nós discordamos da política de ajuste fiscal que cortou mais de R$ 10 bilhões da educação. Isso influencia os direitos da juventude, influencia as bolsas do ProUni, do FIES, das universidades federais, e é por isso que nós viemos aqui também fazer a crítica. Nós não vamos admitir que seja cortado nenhum centavo da educação”, disse a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral.
Organização
A ocasião foi organizada por um coletivo esquerdista unitário, que reuniu num mesmo bloco a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Intersindical, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Central dos Movimentos Populares (CMP), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União da Juventude Socialista (UJS), a União Brasileira de Mulheres (UBM) e ao menos mais 20 movimentos da sociedade civil organizada. Apesar das muitas reivindicações, a defesa da ordem constitucional e a luta por mais direitos foram as duas pautas condutoras da manifestação.
Sinproeste com informações da Contee, do Portal Vermelho e do Portal CTB